OBJETIVO: verificar características gerais e fatores associados à comunicação oral de pacientes com surdez não elegíveis para implante coclear em um hospital universitário. MÉTODO: estudo transversal com dados de prontuários de todos os pacientes que buscaram avaliação para ingresso no PASSP (programa de atendimento ao surdo severo-profundo) de um hospital universitário com contra-indicação para tal. RESULTADOS: foram analisados 220 prontuários. Destes, 114 (51,8%) eram do sexo feminino; 144 (65,5%) tinham até 18 anos; 109 (49,5%) apresentam o ensino fundamental incompleto; 101 (45,9%) estudaram em escola especial para surdos; em 91 casos (41,4)% a causa da perda auditiva não foi determinada, em 71 (32,3%) as causas eram adquiridas e em 44 casos (20%) a causa da perda auditiva foi considerada congênita; 13 casos (5,9%) nunca tiveram experiências com AASI; 132 (60,3%) já fizeram fonoterapia em algum momento; 113 (51,4%) utilizam LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e 63 (28,6%) utilizam comunicação oral. Em relação a não indicação de IC, 76 (34,5%) foram considerados não elegíveis pela Otorrinolaringologia, 81 (36,8%) pela Fonoaudiologia, 23 (10,5%) pela Psicologia e 7 (3,2%) pelo Serviço Social. Sessenta (27,4%) foram excluídos por evasão do serviço ou por desistência. CONCLUSÃO: Predominam crianças e adolescentes entre os não elegíveis para implante, de ambos os sexos, com proporção relevante de sujeitos com perda auditiva sem etiologia definida e com escolaridade predominante do ensino fundamental incompleto, sendo que um terço foi considerado não elegível para o implante a partir da avaliação fonoaudiológica, especialmente em relação ao uso restrito da comunicação oral.