Prezado (a) Colega,
Este número da Revista @rquivos Internacionais de Otorrinolaringologia nos traz o tema "Comportamento vocal de crianças em idade pré-escolar", mostrando mais uma vez que o abuso vocal é uma das constantes na nossa primeira infância. Em 1997, ao realizarmos a defesa da nossa Tese de Doutorado junto a Universidade Federal de São Paulo, destacamos através da análise perceptiva auditiva e computadorizada da voz de crianças institucionalizadas que, a luta pelo espaço "é no grito", ou seja, fazendo parte do
metiê infantil o abuso vocal, combatido por profissionais da voz e professores. A tecnologia tem sido um importante instrumento de avaliação dos distúrbios vocais em crianças nos últimos 40 anos, principalmente com o advento das fibras ópticas rígidas e flexíveis, bem como com a avaliação computadorizada da voz. No entanto, não podemos deixar de dizer que a relação dos profissionais de saúde com seus pacientes são fundamentais na terapêutica a ser empregada.
O Humanismo na relação médico-paciente tem tido grandes transformações, desde os movimentos renascentistas contra as servidões feudais, até o aparecimento da era nuclear. Em 25 de fevereiro de 1958, F. Chedi publicava na Folha da Tarde em Porto Alegre uma coluna intitulada: "Até onde chegaremos? O PENSAMENTO JÁ DIRIGE A MÁQUINA". Este artigo citava que "até agora os construtores de robots esforçavam-se por imitar o homem. Na indústria, inúmeros dispositivos mecânicos, elétricos ou eletrônicos foram criados para substituir a ação humana".
Na atualidade, entre outras coisas, temos o "
da Vinci Surgical System", aparelho de cirurgia robótica já disponível em alguns hospitais do país que, nos mostra alta definição de imagem em 3D, grande precisão na dissecção cirúrgica e pequena curva de aprendizado, estando o cirurgião na mesma sala cirúrgica do paciente no comando da estação cirúrgica ou no outro lado do planeta, para realizar o procedimento cirúrgico. Alia-se a isto, alta tecnologia com precisão milimétrica.
Acreditamos que este tipo de avanço no arsenal terapêutico, é mais um entre tantos equipamentos já existentes a serem oferecidos para o tratamento dos nossos pacientes.
Entretanto, cabe ressaltar que nada substitui a "mão do homem" na relação médico-paciente.
Cada vez mais os estudos a respeito da qualidade de vida dos nossos pacientes, nos mostram o
feedback que precisamos para continuar o aperfeiçoamento das nossas relações e, não somente o progresso tecnológico. A conhecida frase do Médico e Professor Sir. William Osler, Chefe do Departamento de Clinica Médica da Universidade John Hopkins (século XIX), em Baltimore, Estados Unidos, se encaixa perfeitamente neste contexto: "As humanidades são os hormônios que catalisam o pensamento e humanizam a prática médica".
O médico humanista tem como vizinho próximo a clara versão ativa, altruísta e afetiva dessa filosofia de vida, ou seja, tem a capacidade de comover-se diante da dor e da limitação alheia.
Desejamos a você uma boa leitura.
Um forte abraço!
Geraldo Pereira Jotz
Editor - Revista @rquivos Internacionais de Otorrinolaringologia