Há muito tempo pesquisadores vêm investigando a possibilidade de uso da fluorescência espectroscópia para fins de diagnóstico de tumores malignos. A maioria destes estudos têm utilizado agentes fluorescentes externos como as hematoporfirinas. A autofluorescência foi usada inicialmente por Policard em 1924. Alfano et al, em 1984, mostraram que a autofluorescência poderia efetivamente diferenciar o tecido normal daquele com desenvolvimento tumoral maligno.
Os autores do presente estudo coletaram 22 amostras de tecidos normais e tumorais da mucosa oral, submetendo-os a exame histológico e à auto-fluorescência, notando importantes diferenças entre estes tecidos no que diz respeito à fluorescência obtida, notadamente no comprimento de onda de 635 nm.
O estudo em questão é interessante, principalmente quando se visualiza a possibilidade de diagnóstico precoce do câncer oral. No entanto, a casuística é pequena e não fornece dados tão consistentes no que diz respeito às lesões pré-malignas (leuco e eritroplasia).
Outros trabalhos usando a mesma metodologia, porém com maior número de casos e melhor sistematização deverão ser realizados para que a técnica possa se tornar de uso corrente.
Ivan Dieb Miziara - Médico Assistente da Clínica Otorrinolaringológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.