INTRODUÇÃOOs osteomas são lesões ósseas de crescimento lento que podem afetar os seios paranasais e que na maioria das vezes são assintomáticos, sendo um achado em exames radiológicos solicitados por outro motivo (1,2,3,4,7). O osteoma é a neoplasia benigna mais frequente dos seios paranasais (1,2,7), sendo localizado sobretudo no seio frontal (57 a 80%) (1,2,3,4,6,7), seguido dos seios etmoidais (20%) (1,3). Apresenta discreta predominância no sexo masculino 1,5 e sua incidência é maior na 4ª década de vida (1,3,4,5). O tratamento é cirúrgico (1,3,5). O presente relato descreve um caso de osteoma gigante do seio etmoidal.
RELATO DE CASOJDA, sexo masculino, negro, 33 anos, procurou o serviço de otorrinolaringologia com história de obstrução nasal constante a direita há 01 ano. Negava epistaxe e rinorreia. Associado ao quadro apresentava assimetria facial discreta à direita. Ao exame, apresentava assimetria facial à custa da lateralização do globo ocular direito. A endoscopia nasal revelava uma massa endurecida oriunda da parede lateral do lado direito que ocupava parcialmente a luz da fossa nasal deste lado. A tomografia computadorizada dos seios paranasais demonstrava lesão radiopaca e heterogênea, com áreas de densidade de partes moles no seu interior, com limites bem definidos, ocupando parcialmente a fossa nasal direita, seio etmoidal e maxilar direito, com possível acometimento da lâmina papirácea deste lado. (Figuras 1 e 2). O paciente foi submetido à cirurgia através do acesso cirúrgico externo por rinotomia lateral com extensão supra-orbitária (Figura 3) sob anestesia geral, sendo o tumor ósseo fragmentado com uma broca de motor pneumático com exérese total da lesão. O exame anatomopatológico confirmou a suspeita de osteoma(Figura 4). O paciente evoluiu sem evidências de recorrência da lesão (Figura 5).
Figura 1. TC de face corte coronal, lesão radiopaca e heterogênea, com áreas de densidade de partes moles no seu interior, com limites bem definidos, ocupando parcialmente a fossa nasal direita, seio etmoide e maxilar direito, com possível acometimento da lâmina papirácea deste lado.
Figura 2. TC de face corte axial, radiopaca e heterogênea, com áreas de densidade de partes moles no seu interior, com limites bem definidos, ocupando parcialmente a fossa nasal direita, seio etmoide e maxilar direito, com possível acometimento da lâmina papirácea deste lado.
Figura 3. Foto intra-operatório. Remoção de osteoma etmoidal utilizando rinotomia lateral com extensão supra-orbitária
Figura 4. Foto Lamina. Corte histológico mostrando : trabéculas ósseas permeadas por estroma contendo fibroblastos (HE x 100)
Figura 5. TC de face corte coronal, pós-cirúrgico.
DISCUSSÃOO osteoma é o tumor benigno mais comum do nariz e seios paranasais (1,2,3,4,7). A sua incidência varia de 0,43% a 3% (2,3,4,7), sendo localizados geralmente no seio frontal (57-80%) (1,3,4,6,7) seguidos dos seios etmoidais (16-25%) (3). Neste caso em questão o osteoma gigante acometia o seio etmoidal e maxilar direito. São mais frequentes no sexo masculino e na 4ª década de vida (1,3,4,5,7).
A imensa maioria dos osteomas é assintomática (5,7). O sintoma mais frequente nos pacientes com osteoma dos seios etmoidais é a cefaleia frontal ou dor facial (52%) (1,2,3,4,6,7), frequentemente, secundária à obstrução do óstio ou infecção do seio. Nosso paciente apresentava apenas obstrução nasal à direita além da assimetria facial sem contudo, apresentar diplopia ou diminuição da acuidade visual.
O diagnóstico é realizado através de Raio-X simples e Tomografia Computadorizada de seios paranasais (3,4,5,7). O diagnóstico diferencial inclui fibroma ossificante, osteosarcomas, mucoceles e pólipos (4,7).
A indicação cirúrgica dos osteomas dos seios frontais e etmoidais foi revisada Por Savic e Djeric em 1990 e estes sugeriram que todos os osteomas deveriam ser operados quando ultrapassarem os limites do seio frontal, na presença de infecção e em todos os casos de osteomas etmoidais, independentemente de seu tamanho (1,7), pelo risco de complicações. No caso em questão, foi utilizado rinotomia lateral com extensão supra-orbitária como acesso. A escolha da via de abordagem deve levar em conta o tamanho, a localização e a extensão da lesão, contudo, deve-se prevenir ao máximo deformidades estéticas (1,7).
Atualmente o acesso endoscópico tem sido utilizado para o tratamento de osteomas etmoidais pequenos, sem extensão extra-sinusal (1,6,7). O nosso paciente foi submetido à cirurgia por via externa, sendo o tumor ósseo fragmentado com uma broca de motor pneumático, o paciente evoluiu bem sem sequelas.
COMENTÁRIOS FINAISOs osteomas dos seios paranasais são lesões ósseas benignas geralmente assintomáticas, por vezes, lesões grandes podem passar despercebidas até atingirem grandes proporções. Contudo, aqueles situados no seio etmoidal, independentemente do tamanho, e devido o risco de complicações, devem ser operados.
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1. Otorrinolaringologista - ABORL. Coordenador do estágio de Otorrinolaringologia do INOOA Professor da Disciplina de Otorrinolaringologia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública - EBMSP.
2. Otorrinolaringologista - ABORL. Preceptor do serviço de Otorrinolaringologia - Inooa.
3. Otorrinolaringologista - ABORL. Médico Assistente - Inooa.
4. Médica Estagiária do 3º Ano - Inooa.
5. Medicina. Residente.
Instituição: Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados - Inooa. Salvador / BA - Brasil.
Endereço para corresponência:
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Artigo recebido em 12 de Dezembro de 2007.
Artigo aceito em 23 de Agosto de 2008.